O estado do Rio de Janeiro recebeu, neste fim de semana (1° e 2 de julho), o curso “O médico-veterinário RT e sua atuação em ciência de animais usados em pesquisa”. O evento foi organizado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea).
A ideia do curso surgiu com o lançamento do Manual de Responsabilidade Técnica em Ciência dos Animais usados em Pesquisa (Biotérios), em setembro do ano passado. A publicação foi feita pelas duas instituições e tem o objetivo de esclarecer os limites de atuação do médico-veterinário na área técnica de biotérios.
A abertura do evento foi realizada pela médica-veterinária Erivânia Camelo, chefe de gabinete da Presidência do CFMV; e pela médica-veterinária Isabelle Campello, tesoureira do CRMV-RJ.
“Logo após a publicação do manual de responsabilidade técnica, o CFMV pensou em fazer esses cursos, que acontecerão em seis capitais do Brasil, e nos reunimos com a diretoria e coordenadoria do Concea para alinhamento. Por questão de logística, foi escolhido fazer em cada uma das regiões do Brasil. Seriam cinco cursos, mas, devido à importância técnica que tem o Sudeste e ao número de profissionais médicos-veterinários que trabalham na área de biotérios na região, e considerando que o Rio de Janeiro é o segundo estado com mais biotérios no Brasil, decidimos fazer uma edição especial no Rio”, declarou a doutora Erivânia, destacando os trabalhos realizados pela Fiocruz, Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
“É uma honra ter recebido o evento aqui no Rio de Janeiro, com a presença inclusive de profissionais de outros estados nesta terceira edição do curso. As outras edições em Brasília e no Rio Grande do Sul foram um sucesso, e tivemos dois dias de muita troca de experiências e muito aprendizado”, disse Isabelle Campello.
Palestras
A programação contou com a participação de renomados professores e pesquisadores que abordaram assuntos como ética e bem-estar dos animais; avaliação das instalações (alojamento, ambiência, enriquecimento ambiental); modelo animal; doenças e suas prevenções; analgesia, anestesia e eutanásia; legislações; análise de risco e biossegurança; entre outros temas.
Entre os palestrantes estavam: Ekaterina Akimovna Botovchenco Rivera; André Silva Carissimi; Cyrlston Martins Valentino; Fernando Rodrigo Zacchi; Luisa Maria Gomes de Macedo Braga; Antônio Américo Barbosa Viana; e Leandro Guimarães Franco.
“A nossa lei é nova, é uma ciência nova em nosso país, então há uma necessidade de capacitarmos os nossos médicos-veterinários. Esse curso não vai fornecer uma capacitação geral, mas vai abrir horizontes e mostrar aos profissionais médicos-veterinários o que eles devem aprender, o que eles devem saber para poder trabalhar nessa área, colaborando com o bem-estar dos animais e contribuindo com os dados científicos obtidos”, disse Ekaterina Akimovna, que é membro ad hoc do Concea, pesquisadora convidada da Universidade Federal de Goiás e membro ad hoc da Association for the Assessment and Accreditation of Laboratory Animal Care (AAALAC).
“Na área de ensino e pesquisa científica, regidos pela Lei 11.794/2008, que apesar de ter 15 anos, é pouco conhecida, existe uma demanda sobre como os responsáveis técnicos devem atuar nesse tipo de ambiente, nesse tipo de instalação, com esse tipo de animal de experimentação ou de ensino. Diante disso, o Concea e o CFMV montaram o grupo de trabalho há alguns anos, e esses eventos foram gerados como uma forma de divulgar não apenas o manual, mas também abordar assuntos subjetivos que não estão diretamente no manual”, acrescentou o secretário executivo substituto do Concea e analista tecnologista do Ministério da Ciência e Tecnologia, Antônio Américo Viana, que abordou a lei em questão, as resoluções normativas do Concea e a composição de CEUAs.
Centenas de médicos-veterinários puderam se atualizar sobre o tema, incluindo a médica-veterinária Tairine Melo Costa, que é técnica de laboratório da UFF e natural do Piauí.
“A realização deste evento é de extrema importância, pois além de atualizar o profissional, ajuda a qualificar. Acho importante que estejamos nos atualizando como profissionais, pois, se não nos atualizarmos, ficaremos para trás. Na graduação, não tive nenhuma disciplina sobre animais usados em pesquisa, só vim conhecer depois. Seria muito importante que esse assunto estivesse na grade das disciplinas”, disse.
A médica-veterinária Andressa Fehlberg (CRMV-RJ 6008) contou que está ingressando como aluna de doutorado na Fiocruz e precisa se atualizar em ciência de animais de laboratório e ética na utilização de animais.
“Como o projeto envolve cães, eu preciso apresentar isso ao comitê de ética da Fiocruz. Por isso, preciso ter o comprovante da especialização e da experiência na área. Estou correndo atrás para poder submeter o projeto ao conselho de ética para aprovação. Inclusive, estou fazendo outro curso pela USP, mas é EAD, também sobre ética na experimentação animal, só que esse vai demorar mais. E, como esse oferecido pelo CFMV e pelo Concea é mais rápido, decidi fazê-lo para conseguir submeter o projeto agora”, explicou.
As inscrições para o evento em Pernambuco, São Paulo e Belém seguem abertas e podem ser feitas pelo link do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
