CRMV-RJ alerta para impactos da fusão entre Petz e Cobasi sobre pequenos negócios veterinários

Recentemente, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a fusão entre duas das maiores redes de varejo pet do Brasil: Petz e Cobasi. A decisão considerou que o setor segue competitivo, com diversidade de modelos de negócio e baixa barreira de entrada para novos players.

No entanto, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) manifesta profunda preocupação com os impactos estruturais e sociais dessa fusão, especialmente sobre os pequenos estabelecimentos veterinários, pet shops locais e profissionais autônomos da Medicina Veterinária.

De acordo com os termos da operação, a Cobasi absorverá integralmente a Petz, que deixará de existir como empresa independente. A nova companhia terá uma receita bruta superior a R$ 7 bilhões, portfólio e estrutura logística incomparáveis no setor, tornando-se um player dominante, sem paralelos em escala ou capacidade de barganha com fornecedores.

“A fusão pode não representar risco concorrencial sob a ótica teórica, mas cria, na prática, um desequilíbrio brutal no ecossistema pet. Pequenos empreendedores e estabelecimentos locais terão ainda mais dificuldade para competir com uma estrutura de tamanho avassalador, que combina marca, rede física, plataforma digital, indústria própria e, inclusive, planos de saúde animal”, afirma o presidente do CRMV-RJ, Diogo Alves.

Embora o Cade considere que o mercado de pet shops permaneça dinâmico e com diversidade de modelos, o cenário desenhado pela operação é de alta concentração no varejo físico — ainda responsável pela maior parte das compras de produtos para pets no Brasil. O impacto será direto sobre 74% das famílias brasileiras que têm um pet em casa, atingindo não apenas a concorrência, mas a qualidade do atendimento, a pluralidade de serviços e o equilíbrio de preços no longo prazo.

A empresa fusionada passará a deter um poder de mercado que nenhum outro player conseguirá replicar, nem em termos de preços, nem em escala de frete, nem em portfólio de produtos. Além disso, não há garantias de que essas eficiências serão repassadas ao consumidor. Pelo contrário: a consolidação pode comprometer a diversidade do setor, eliminando a competitividade saudável que garante alternativas aos tutores de pets.

O Conselho lembra ainda que a verticalização dos serviços, com redes oferecendo desde produtos até planos de saúde animal, cria um ambiente quase intransponível para médicos-veterinários autônomos, clínicas independentes e fornecedores regionais.

O CRMV-RJ reitera a necessidade de medidas que preservem a diversidade e a sustentabilidade do setor veterinário, promovendo equilíbrio competitivo. É essencial que os órgãos reguladores considerem não apenas a teoria econômica da concorrência, mas também o efeito prático sobre os pequenos negócios que garantem o atendimento personalizado, a conexão com a comunidade local e a geração de empregos em diversas regiões do país.

CRMV-RJ, sempre ao lado do profissional médico-veterinário, em tudo que possa impactar tanto o ato médico quanto o crescimento econômico profissional.

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