Absurdo! CRMV-RJ repudia decisão do MEC que autoriza 193.500 vagas em Medicina Veterinária

Você sabia que o Ministério da Educação (MEC) autorizou a abertura de 193.500 novas vagas para o curso de Medicina Veterinária no Brasil? O número, publicado no Diário Oficial da União em setembro deste ano, chama a atenção do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) e acende um alerta: como será possível absorver no mercado de trabalho uma quantidade tão elevada de profissionais formados anualmente?

A portaria do MEC permite a oferta de cursos no formato semipresencial, que combina atividades presenciais e online, mas no caso da Medicina Veterinária a preocupação se intensifica. A formação desse profissional exige uma estrutura complexa, que inclui hospitais-escola, laboratórios, fazendas experimentais e acompanhamento prático constante. Sem essa base sólida, a qualidade da formação corre sérios riscos, e, em consequência, toda a sociedade pode ser prejudicada.

Apenas três instituições de ensino foram responsáveis pela autorização desse volume de vagas. Juntas, elas concentraram um número impressionante: uma delas sozinha recebeu o aval para 177 mil vagas por ano. Outra, para 16 mil. E uma terceira, para 500 vagas anuais. Esse movimento, somado ao fato de o Brasil já contar com mais de 200 mil médicos-veterinários registrados, levanta questionamentos inevitáveis. Onde todos esses novos profissionais irão trabalhar? Quem garantirá condições dignas e valorização da profissão diante de um cenário de saturação iminente?

O CRMV-RJ reforça que vê a decisão com enorme preocupação e não ficou em silêncio. O Conselho enviou uma nota oficial de repúdio ao MEC, manifestando sua insatisfação diante da medida e alertando para os impactos negativos que podem comprometer o futuro da Medicina Veterinária no país. Não se trata apenas de números, mas de vidas animais, de saúde pública, de segurança dos alimentos e do futuro de uma profissão essencial para a sociedade. Autorizar a abertura de quase 200 mil vagas por ano em Medicina Veterinária, sem uma análise profunda da real capacidade de absorção pelo mercado e das condições de ensino, é colocar em risco não só os profissionais, mas também toda a população que depende do trabalho técnico, ético e qualificado do médico-veterinário.

A expansão do ensino superior precisa ser planejada, responsável e comprometida com a qualidade. Nesse caso, o que se vê é um crescimento desordenado, que ameaça desvalorizar a profissão e fragilizar a confiança da sociedade. O CRMV-RJ reafirma seu papel de alerta e defesa, chamando a atenção para o absurdo dessa medida e lembrando que a Medicina Veterinária não pode ser reduzida a estatísticas de vagas: trata-se de uma área estratégica para o país, que exige responsabilidade, respeito e qualidade acima de tudo.

Rolar para cima