Possível contaminação de Salmonella desperta a importância da atuação do Médico-veterinário na segurança dos alimentos

Próximo à Páscoa, a Food Standards Agency (FSA), agência de normas alimentares do Reino Unido, análoga à Anvisa, destaca a atenção dos consumidores ao investigar possível contaminação de Salmonella.

A empresa Ferrero, fabricante do Kinder Ovo, oficializou ‘recall’ a fim de recolher alguns lotes do produto como medida de precaução enquanto as investigações prosseguem. Os produtos recolhidos são o Kinder Ovo da linha Surpresa, vendida individualmente na unidade de 20g, ou num pacote com três unidades, com datas de vencimento entre 11 de julho de 2022 e 7 de outubro de 2022.

Em nota, a Ferrero Brasil salientou:

“O Brasil não está envolvido no recall voluntário de produtos Kinder selecionados fabricados na Bélgica. Os produtos Kinder comercializados no Brasil são produzidos na América do Sul.
Em outros países, a Ferrero está cooperando com as autoridades de alimentos sobre uma possível ligação com casos relacionados à Salmonella. Embora nenhum de nossos produtos Kinder lançados no mercado tenha testado positivo para salmonela e não tenhamos recebido reclamações de consumidores, estamos levando o caso extremamente a sério.
A segurança alimentar e o atendimento ao consumidor são nossas prioridades e lamentamos esta situação.”

A Anvisa publicou nesta quinta-feira a Resolução-RE nº 1.233, de 14 de abril de 2022, que proíbe a comercialização, distribuição, importação e uso dos produtos da marca Kinder, que são alvo de alerta e recolhimento internacionais. A medida vale para os lotes fabricados pela empresa Ferrero na Bélgica.
Embora o Brasil não esteja entre os países de destino dos produtos, conforme noticiado pela Anvisa, a Agência considerou prudente publicar a medida preventiva com o objetivo de informar à sociedade e de evitar que o produto seja consumido ou trazido de fora do país por pessoas físicas ou importadoras.

Além disso, a Anvisa notificou a empresa a prestar informações sobre os produtos e sobre o controle de importações por terceiros.

O caso desperta a importância da atuação do médico-veterinário na segurança dos alimentos. À população, consiste o direito regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. No que tange a alimentos de origem animal, esta qualidade começa pelas boas condições sanitárias e físicas do animal vivo, área de domínio da Medicina Veterinária.

A Salmonella faz parte de um gênero de bactérias, pertencente à família Enterobacteriaceae, que afetam milhões de pessoas no mundo. A doença cursa com quadros diarreicos que podem resultar em óbito em casos de indivíduos imunossuprimidos.
Algumas bactérias e fungos podem ser responsáveis por alterações nos ovos e a Salmonella é uma das principais responsáveis por causar o processo de deterioração.
A Salmonella nos ovos malcozidos é conhecida, mas poucos sabem que carnes de aves, como o frango e o pato, o leite não pasteurizado e até mesmo a água são passíveis de contaminação pela bactéria. E, por isso, más condições de higiene também contribuem para a propagação da doença. O profissional responsável por garantir a higiene e biossegurança ideal, durante todas as etapas de produção, tomando as devidas medidas preventivas contra este risco é o médico-veterinário.
A ave pode ser portadora de Salmonelose assintomática de sorotipos patogênicos ao homem. As Salmoneloses são controladas, pela atuação dos profissionais médicos-veterinários, através de monitoramento de rotina em todos os lotes de aves destinadas aos abatedouros, esse monitoramento ocorre próximo a data do abate e durante o abate.

A repercussão destaca a atuação dos médicos-veterinários na avicultura com foco na segurança dos alimentos.

Em estabelecimentos de granjas de reprodução, o médico-veterinário trabalha melhorando geneticamente as raças de aves, objetivando melhor desempenho produtivo, implantando e mantendo medidas de biosseguridade, que seriam medidas que evitam a entrada e a saída de agentes etiológicos desses estabelecimentos. Atuam também nas granjas de aves comerciais controlando doenças e trânsito aos abatedouros. Além disso, esses profissionais atuam realizando monitoramento, diagnóstico, tratamento e prevenção frente as várias doenças de aves que podem comprometer a avicultura nacional, e consequentemente, poderiam causar grandes perdas de mercado devido as barreiras sanitárias criadas por países importadores. O médico-veterinário pode trabalhar também nas secretárias de agricultura dos estados, assim como no próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fiscalizando os estabelecimentos de produção de aves de corte, postura ou reprodução através do Plano Nacional de Sanidade Avícola que deve ser implantado pelo MV responsável técnico das empresas.

Rolar para cima