Foram notificados 2062 casos suspeitos de Leishmaniose Visceral Canina entre março e outubro de 2021, de acordo com 1º Boletim Epidemiológico do Ivisa-Rio

Foram notificados, entre março e outubro de 2021, 2062 casos suspeitos de Leishmaniose Visceral Canina. Destes, 124 (6,11%) foram referentes às notificações de clínica particulares, 1139 (55,24%) do CJV e 799 (38,75%) do CCZ. Os dados são do Instituto Municipal de Vigilancia Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio), que divulgou recentemente o 1º Boletim Epidemiológico com temática em LVC. O relatório, teve como objetivo apresentar características gerais dos casos de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) no município.

Os dados utilizados foram provenientes do Formulário de Notificação de LVC, implementado em março de 2021, com notificações de unidades particulares, e em abril de 2021, para as unidades do Ivisa-Rio.

De acordo com o bairro de residência, percebe-se que há uma concentração de casos de animais positivos na área programática (AP) 3.2 e bairros contíguos. Tal fato chama atenção para a necessidade de ações mais específicas de controle no território.

Outro dado importante que consta no formulário, é a pergunta se é de conhecimento das pessoas que têm contato com o animal que a LVC é uma zoonose. A maior parte (58,73%) respondeu que tem conhecimento, porém, ainda existe uma parcela da população (40,06%) que desconhece tal informação.

A Organização Mundial da Saúde considera a LVC uma das cinco doenças negligenciadas, e sua presença relaciona-se a fatores sociais e ambientais, que irão influenciar diretamente a epidemiologia da doença e ações de controle. Ações de educação em saúde devem ser realizadas rotineiramente, com o intuito de aumentar o nível de acesso à informação, não só da LVC, mas também de outras zoonoses e suas principais formas de transmissão e cuidado.

 “Acredito que os números de leishmaniose visceral possam e devem ser ainda maiores. O problema da Leishmaniose no município e o boletim emitido aponta um problema em expansão, que tem sido sinalizado há alguns anos por nós e representa a ponta do iceberg da doença. Tradicionalmente temos subnotificação das epizotias, principalmente a partir das clinicas veterinárias particulares que certamente atendem animais com sintomas e possivelmente positivos, e não notificam. Essa informação aparece no boletim onde apenas 6,01% dos animais notificados foram através das clinicas particulares, se comparados aos CCZ e ao CJV. Certamente, estamos diante de um grande desafio e de uma doença de grande complexidade para o diagnóstico, tratamento ou eutanásia e prevenção. A leishmaniose é um doença totalmente dentro do contexto da Saúde Única, que envolve transmissão vetorial (através de flebótomos) e do processo cada vez mais em expansão de urbanização com construções desordenadas ou em áreas próximas a mata ciliar, de saneamento básico e territórios em vulnerabilidade. Se não houver um entendimento e um esforço dos diversos setores do segmento veterinário, de conscientização, capacitação no diagnóstico e nas diversas abordagens ao tratamento, mas principalmente formas de prevenção da doença, nos próximos anos poderemos viver um grande surto da doença no nosso município”, declarou o pesquisador do ICTB/Fiocruz e médico-veterinário, Paulo Abílio Varella Lisboa.

Notificação

O formulário de notificação de LVC da Coordenação de Vigilância de Zoonoses (CVZ), atualmente, é o instrumento disponível para notificações, tanto de clínicas particulares, quanto das unidades de atendimento e investigações de zoonoses do IVISA-Rio, que são o Centro de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (CJV) e Centro de Controle de Zoonoses Paulo Darcoso Filho (CCZ).

De acordo com o fluxo de notificações, a entrada de casos suspeitos pelo CJV ocorre no atendimento clínico realizado nesta unidade. A notificação é feita pelo Laboratório Municipal de Saúde Pública (LASP), que recebe a amostra biológica do atendimento junto com os dados necessários para informar o caso. O caso é informado a partir da suspeita clínica e, após essa etapa, é realizado o teste rápido (DPP). Se o resultado for negativo, o caso está descartado. Caso seja positivo, é realizado o teste confirmatório ELISA.

Os resultados dos exames são colocados posteriormente na notificação. Nos casos confirmados, os resultados são repassados a equipe do CCZ, que dá prosseguimento à investigação e desfecho do caso.

Paulo Abilio Varella Lisboa (CRMV-RJ 4043)

Eleições 2021 - Perfil do Candidato: Paulo Abilio | ICICT | Fiocruz

Médico-veterinário, MSc , pesquisador do ICTB/FIOCRUZ, coordenador do projeto de Saúde Única, professor convidado da Faculdade Qualittas, e presidente da comissão de Saúde Única do CRMV-RJ.

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