
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), representado pelo embaixador da autarquia na Costa Verde e presidente da Comissão de Gestão de Riscos de Animais em Desastres e da Comissão de Meio Ambiente, médico-veterinário Eduardo Mayhe, realizou uma visita técnica a um Centro de Reabilitação e Despetrolização em Itacuruçá, no município de Mangaratiba (RJ). A agenda contou também com a presença de representantes da Petrobrás e da Fiocruz e teve como objetivo acompanhar de perto o trabalho de resgate, triagem, atendimento clínico e reabilitação de animais marinhos afetados por diferentes condições ambientais ou orgânicas.
Durante o encontro, os participantes puderam conhecer a estrutura de atendimento e o fluxo de trabalho do centro, que faz parte do projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma exigência do licenciamento ambiental federal, supervisionada pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. A área do Rio de Janeiro que abrange os trechos de Paraty a Saquarema é monitorada pela empresa Econservation Estudos e Projetos Ambientais, responsável técnica pela execução do projeto nos trechos 11 a 15.
O médico-veterinário Ivai Albuquerque (CRMV-RJ 13325), responsável técnico do PMP-BS no estado desde 2023, apresentou as instalações e os protocolos adotados no centro, que conta com enfermaria, laboratório, centro cirúrgico, cozinha animal, recintos para aves voadoras e não voadoras, tanques para reabilitação de tartarugas com e sem fibropapilomatose, além de estruturas específicas para a despetrolização e secagem de animais atingidos por óleo.
“Os animais chegam por acionamento da população ou por monitoramento rotineiro feito pelas nossas equipes. Após triagem, passam por avaliação clínica e, quando necessário, seguem para os protocolos de estabilização, despetrolização e reabilitação”, explicou Ivai Albuquerque.
O centro recebe diferentes espécies, incluindo pínípedes, cetáceos com até 3 metros, aves marinhas e tartarugas, entre outros, que são atendidas por uma equipe multiprofissional composta por médicos-veterinários, biólogos, técnicos e tratadores. Segundo o responsável técnico, um dos maiores desafios no atendimento de fauna oleada é garantir a estabilização fisiológica antes da lavagem — etapa essencial para preservar a saúde dos animais.
“A despetrolização é um processo delicado e exige conhecimento técnico. Primeiro, fazemos a estabilização clínica do animal, depois a remoção dos resíduos de petróleo com detergentes especiais, e só então ele segue para a secagem e a reabilitação completa, sempre com acompanhamento veterinário”, detalhou Ivai.
Durante a visita, os participantes puderam conhecer, ainda, a logística do centro para casos de emergência envolvendo influenza aviária de alta patogenicidade (vírus H5N1), que exigem triagem rigorosa em contêineres adaptados. Também foram apresentadas ações preventivas, como armadilhas de mosquitos para evitar a proliferação de doenças, como dengue e malária no espaço.
“O encontro reforçou a importância da cooperação entre ciência, setor produtivo e entidades reguladoras para a proteção da fauna marinha. Seguimos juntos, promovendo o cuidado, a reabilitação e o retorno seguro desses animais ao seu ambiente natural”, afirmou o médico-veterinário Eduardo Mayhe, representante do CRMV-RJ.
Além dos cuidados com os animais vivos, o PMP-BS também realiza a necropsia de aves e tartarugas marinhas mortas e encaminha as carcaças de mamíferos marinhos, para investigação das causas de morte e realiza coleta de dados ambientais, contribuindo com pesquisas e medidas de conservação.
Casos de sucesso reforçam o impacto positivo do projeto. Ivai relembrou a história recente de uma fragata (ave marinha) que chegou debilitada ao centro e, após semanas de acompanhamento, alimentação e treino de voo, pôde retornar à natureza, com plenas condições de sobrevivência: “É gratificante ver um animal que chegou à beira da morte ganhar uma nova chance. Isso mostra como o trabalho veterinário faz a diferença na conservação da biodiversidade”, disse.
O CRMV-RJ reforça a população que, caso aviste animais marinhos vivos ou mortos encalhados nas praias, entre em contato com a central do PMP-BS, pelo telefone 0800 999 5151. A colaboração da sociedade é essencial para garantir o rápido atendimento e a preservação dessas espécies.
