José Freire de Faria: pioneiro do combate à febre aftosa na América do Sul

José Freire de Faria pioneiro no início do combate à febre aftosa na América do Sul (1)

Importante nome para a medicina-veterinária, José Freire de Faria, de 99 anos, é pioneiro no combate à febre aftosa na América do Sul. O trabalho se iniciou em 1950, tendo em vista os prejuízos financeiros, sanitários e econômicos causados pela doença que mais impactou a produção animal bovina, principal fonte de proteína da mesa dos cidadãos naquela década.

Nessa época, segundo o médico-veterinário, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) trouxe para a América do Sul dois centros: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e o Centro Pan-Americano de Zoonoses.

“O de Aftosa estava encarregado dos exames epidemiológicos e da produção de vacinas. Esse é um trabalho universal, porque ele tinha centro de pesquisas na Holanda, nos EUA e no mundo inteiro. Era um programa universal. Essa é uma história longa que não corresponde somente a mim, corresponde a todos os médicos-veterinários, tendo em vista que a Febre Aftosa tornava-se uma doença altamente contagiosa, que limitava a produtividade (de pecuária) a qualquer negócio exterior e também dentro do país”, explicou Faria.

José ainda contou que, na época, não existiam vacinas capacitadas para controlar a doença e que as pesquisas do do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) orientavam-se basicamente no diagnóstico e produção de vacina.

“As universidades começaram a tomar um volume muito grande para cuidar da doença. As vacinas eram muito deficientes na época, só funcionavam de quatro em quatro meses, não tinham poder epidemiológico bom. Também não haviam vacinas em condições de imunizar o território nacional”, emendou.

A partir dessas pesquisas, Faria conta que começou a ganhar visibilidade no país e fui convidado por diversas entidades para colaborar com trabalhos e fazer pesquisas epidemiológicas, e chegou a assumir cargos de direção no Ministério da Agricultura.

Como diretor do Ministério, o médico-veterinário conta que conquistou um envolvimento maior e entrou em comissões internacionais, que envolvia todos os países da América Latina.

“Fui convidado a ser diretor de instituições científicas. Depois fui convidado a trabalhar na Organização Pan-americana de Saúde. Nesse trabalho, eu atuei como veterinário de campo no Peru, no Equador, na Colômbia e na Venezuela, tornando-me naturalmente um dos pioneiros naquela região. Esse envolvimento me dá um espírito de participação muito grande. Eu me envolvia no sistema de aftosa como me envolvia comigo mesmo. Foi uma luta insana, uma luta internacional onde houve muita luta para que o Brasil conquistasse mercado internacional. O Brasil hoje participa da produção e consumo de mais de um bilhão de alimentos para o mundo inteiro”, contou.

Faria ainda finalizou dizendo que o sentimento é de merecimento profissional, além de um sentimento humano também.

“Comecei na universidade, fui trabalhar em aftosa como professores muito fantásticos, como professor Altamir (Gonçalves de Oliveira). Eu era homem de campo, mas também de laboratório. Eu era muito envolvido pelas enfermidades dos animais. Meu sentimento foi mais longe, pois além de funcionário do governo, eu era também professor universitário. Eu levava para a universidade todo aquele amor que eu tinha pelos animais. A aftosa foi muito cruel, acabava com os rebanhos. Senti a aftosa como se tivesse atacado a mim. Me doía tanto quando via as vacas caídas e os bezerros morrendo, me olhando como se me pedisse para salvá-los. Eu sou apaixonado pela minha profissão. Hoje podemos nos considerar um país livre da aftosa”, finalizou.

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