Dia Internacional da Mulher: Conheça a trajetória da médica-veterinária Celina Bessa

A médica-veterinária Celina Bessa enfrentou na profissão o preconceito pelo fato de ser mulher. Hoje, ela atua na área de clínica de pequenos animais, área que escolheu seguir há mais de 40 anos com excelência.

Conheça um pouco mais da personagem da nossa série “Mulheres que nos representam”, uma homenagem do CRMV-RJ ao Dia Internacional da Mulher.

Leia a entrevista completa:

  1. Como surgiu seu amor pela medicina veterinária?

Surgiu na parte de produção animal, porque eu ia passar todas as férias com meus avós, que eram do campo, então tinha cavalo, boi… Na faculdade também me dediquei bastante a essa parte de grandes animais, animais de produção, inspeção sanitária e estava bem engajada em trabalhar nesse campo da profissão. Na época era uma das partes mais evidentes e eu não tinha muita afinidade para clínica de pequenos animais. Fiz concurso público quando me formei, em 1980, para o Ministério da Agricultura, em São Paulo. Passei nas vagas, saiu a publicação em Diário Oficial, mas o então presidente João Figueiredo [1979-1985] fechou as contratações e eu vim para a cidade. Na cidade, peguei um anúncio de jornal e fui ver a vaga. Comecei a trabalhar com cães e gatos, que foi onde eu me encontrei na veterinária e tenho a maior paixão por isso.

  1. Como você consegue exercer a medicina veterinária com excelência?

Não constituí família, mas já tinha uma família grande para carregar. Cuidei dos meus avós e pais, sempre trabalhando com eles junto comigo. É difícil para uma mulher conciliar a vida profissional com a vida particular, ainda mais quando começa a se dedicar com a parte de clínica, que requer muito tempo. Eu me dediquei a parte profissional e segui a minha vida, ajudando a minha família.

  1. Alguma vez você sentiu na pele indícios de preconceito pelo fato de ser mulher?

Na minha época, quando me formei e entrei na faculdade, era o que mais existia contra médicas-veterinárias mulheres. O primeiro foi o meu avô. Quando cheguei nas férias na fazenda com a grande notícia de que tinha passado para veterinária, ele quase enfartou e disse que não era profissão para mulher. Foi bem difícil. Depois ele foi se acostumando, comecei a ajudar os animais e ele foi vendo que não era bem assim. Consegui conquistar, pelo menos, meu avô. Quando me formei e fiz o concurso, saí para procurar colocação dentro do que eu queria, que era trabalhar com produção animal e inspeção sanitária. Era muito difícil para mulher. Cheguei a receber cartas com elogios respondendo meus currículos enviados, mas dizendo que eu não tinha, infelizmente, me classificado pois a vaga não poderia ser preenchida por uma mulher.

  1. Quais as recomendações que você daria para que novas mulheres consigam obter o mesmo grau de excelência?

As mulheres precisam se dedicar, estudar e se preparar melhor para estarem em melhores condições de competição. Hoje tem muitos cursos de especialização e pós graduação. Hoje não dá para ficar retardando nas escolhas. É preciso se preparar para competir no mercado e conciliar suas vidas pessoais com o trabalho. Hoje a gente tem nas indústrias bastante mulheres. O mercado é muito competitivo.

  1. O que acha de, atualmente, as mulheres estarem ocupando cada vez mais posições altas no mercado de trabalho?

Eu creio que as mulheres foram se dedicando mais, estudando mais, que é o mais importante. Foi o que deu a elas a capacitação para estarem no mercado ocupando melhores lugares, além da vontade e necessidade de vencer.

Rolar para cima