Conheça a importância do médico-veterinário na avicultura

médico-veterinário na avicultura

O consumo de carne de frango no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) foi de 45,27 quilogramas por habitantes em 2020, cerca de 5,7% a mais do que em 2019. Além disso, o país exporta cerca de 31% desse alimento. Na semana em que a China confirma 1° caso de infecção da cepa H10N3 de gripe aviária em humano, o CRMV-RJ destaca a atuação dos médicos-veterinários na avicultura.

O médico-veterinário e integrante da Comissão Estadual de Alimentos do CRMV-RJ, Ramon Pimenta, explicou que a avicultura é uma atividade organizada em cadeia, ou seja, em várias etapas de produção, envolvendo melhoramento genético, bisavoseiros, avozeiros, matrizeiros, aves comerciais, fábrica de rações e aditivos alimentares e abatedouros.

“Existem estabelecimentos que são chamados de granjas de reprodução, e o médico-veterinário trabalha melhorando geneticamente as raças de aves, objetivando melhor desempenho produtivo, implantando e mantendo medidas de biosseguridade, que seriam medidas que evitam a entrada e a saída de agentes etiológicos desses estabelecimentos. Podem trabalhar também nas granjas de aves comerciais monitorando parâmetros produtivos, e controlando doenças e trânsito aos abatedouros. Atuam em incubatórios, na área de nutrição animal em fabricas de rações ou pré mix assim como em abatedouros frigoríficos”, explicou Ramon, que atua como professor universitário e gerente de produção de abatedouro.

Além disso, esses profissionais atuam realizando monitoramento, diagnóstico, tratamento e prevenção frente as várias doenças de aves que podem comprometer a avicultura nacional, e consequentemente, poderiam causar grandes perdas de mercado devido as barreiras sanitárias criadas por países importadores. O médico-veterinário pode trabalhar também nas secretárias de agricultura dos estados, assim como no próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fiscalizando os estabelecimentos de produção de aves de corte, postura ou reprodução através do Plano Nacional de Sanidade Avícola que deve ser implantado pelo MV responsável técnico das empresas.

As aves, assim como outros animais, podem transmitir doenças ao homem. Uma delas é a Salmonelose, podendo a ave ser portadora assintomática de sorotipos patogênicos ao homem. A doença cursa com quadros diarreicos que podem resultar em óbito em casos de indivíduos imunossuprimidos. Existe também doença virais, como por exemplo o APMV-1 (Paramyxoviridae), que é o agente etiológico da Doença de Newcastle em aves e podem causar quadros de conjuntivite em humanos, não são quadros graves, porém são de fácil dispersão. Ainda tem a Gripe Aviária, causada pelo vírus pertencente à família Orthomyxoviridae (Influenzavírus A), onde a doença cursa com quadros respiratórios, e quando existe a transmissão direta ave-homem, a taxa de letalidade pode ser acima de 50%. Inclusive as aves possuem papel chave na epidemiologia do Influenzavirus A, pois podem transportar o agente etiológico entre países e continentes durante as migrações anuais entre hemisférios norte e sul, por isso é o vírus que possui grande potencial para causar a próxima pandemia. Apenas em 2021, ocorreram diversos casos de notificação da cepa H5N8 em aves na China, Oriente Médio e Norte da África e até casos de transmissão direta ave-homem na Rússia.

“Para a nossa sorte, a Doença de Newcastle foi controlada através da obrigatoriedade da vacinação, enquanto a Influenza Aviária nunca foi detectada em todo território nacional. Tais sucessos se devem ao PNSA do MAPA que obriga a vacinação contra o APMV-1, e aos monitoramentos na entrada de animais em portos, aeroportos evitando tanto a entrada do agente etiológico da Doença de Newcastle como da Influenza Aviária. Já as Salmoneloses são controladas através de monitoramento de rotina em todos os lotes de aves destinadas aos abatedouros, esse monitoramento ocorre próximo a data do abate e também durante o abate”, emendou.

Existem doenças que podem ser transmitidas devido ao preparo incorreto da carne de ave, podendo acarretar danos à saúde, mesmo que o frango seja oriundo de estabelecimentos registrados no serviço de inspeção, pois o acondicionamento e a manipulação em casa podem inocular microrganismos patogênicos. Todos os produtos de origem animal devem ter as suas embalagens desinfetadas antes de serem abertas, a superfície onde o frango será manipulado cru deve estar devidamente limpa e desinfetada, assim como todos os utensilio de cozinha (facas, tábuas de corte).

“É de fundamental importância a lavagem e desinfecção das mãos antes de manipular o frango cru e antes de manipular o frango cozido. O manipulador não deve utilizar os mesmos utensílios e superfícies para manipular o frango após o processo de cozimento, que quando bem feito, praticamente elimina microrganismos patogênicos como: Campylobacter jejuni, Escherichia coli produtora de toxinas, Salmonella entérica, Staphylococcus aureus”, declarou.

E acrescentou: “não lave o frango, pois ao lavar são geradas gotículas de água com microrganismos no interior que podem contaminar toda a superfície de manipulação, inclusive, outros alimentos que estejam sendo manipulados ao mesmo tempo”, finalizou.

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