Como a crise na água do rio afeta a segurança dos alimentos? Médicos-veterinários respondem

Assim como aconteceu no último verão, moradores de vários bairros da cidade do Rio de Janeiro têm reclamado sobre o gosto e o odor na água fornecida pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). De acordo com a nota da própria companhia, “os resultados da análise das amostras por laboratório externo apresentaram traços de geosmina/Mib em baixo nível”.

Como a água é um alimento, esta questão está diretamente associada à segurança dos alimentos consumidos pela população, devendo seguir as recomendações da Portaria nº 05/2017, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre as condições de potabilidade da água para o consumo humano.

De acordo com os médicos-veterinários e membros da Comissão Estadual de Alimentos, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), é necessária a atenção para o uso desta água na indústria de produção de alimentos de origem animal.

“É importante que a indústria esteja atenta à qualidade da água usada para preservar as características sensoriais e padronizadas do produto, como sabor, coloração e cheiro, conforme estabelecido pelo Manual do RIISPOA”, ressalta a presidente da Comissão Estadual de Alimentos do CRMV-RJ, Isabelle Campello.

Outra questão apresentada pela Comissão é a atividade pesqueira no Rio Guandu. O médico-veterinário Ramon Pimenta alerta para que a população consuma somente alimentos que foram inspecionados pelos serviços oficiais: municipal (SIM), estadual (SIE) e federal (SIF).

“Por ser um rio que recebe uma grande quantidade de esgoto, o pescado oriundo dele possui uma enorme carga microbiológica, essas bactérias podem produzir toxinas termoestaveis, que irão resistir à temperatura de cozimento, causando dessa forma intoxicação e quadros diarreicos. É importante salientar que esse pescado pode também conter outros tipos de contaminantes, como inseticidas, metais pesados entre outros”, destacou Pimenta.

Eles ainda destacaram que se a água apresentar coloração turva, não é recomendado ingeri-la ou usá-la. Quanto ao cheiro, ferver ajuda na evaporação da geosmina e, com isso, o mau cheiro e o sabor de terra desaparecem.

“Neste momento, no varejo, a compra de água mineral está crescendo muito. Os consumidores comprando galões para abastecer suas casas. Mas é importante o consumidor se atentar em comprar em locais seguros, conforme cita a RDC 173/2006 a água mineral só pode ser comercializada em estabelecimentos de alimentos e bebidas e deve estar exposta longe de produtos de limpeza ou outros potencialmente tóxicos para evitar a contaminação e impregnação de odores indesejáveis. E sempre sobre paletes, nunca direto no chão”, concluiu a médica-veterinária Flávia Mattos.

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